O nó de marinheiro.



                                 Sinto seu cheiro no meio da rua e piro. Aquele cheiro bom que me traz a sensação de lugar mais seguro do mundo. Fecho os olhos, lembro, e piro de novo. A imagem daquela cara preocupada beirando um surto nervoso que é frequente em você. Te abraço, tremo e piro mais uma vez. Não, eu não to com frio, não, minha pressão ta ótima, só meu coração que quis sair do peito e o resto do corpo tentou segurar. Encosto no seu rosto, fico fria, e continuo pirando. Eu to bem de saúde, mas encostar em você é algo que me faz sentir tudo ao mesmo tempo e minha temperatura resolve brincar de elevador. Te abraço pra andar na rua e de repente fico bêbada, meus pés não sabem pra onde ir, minha cabeça não me obedece e decide encostar no seu peito... eu piro de novo. Não porque nós não andamos em harmonia, mas o seu cheiro é tão perfeito, o seu peito é tão macio, que eu só quero que esse porre não passe. Tento te evitar, dói e eu piro mais ainda. Prefiro ser pirada com você do que não ter por perto.

                                E agora eu resolvi te culpar... Eu te culpo por fazer com que eu me apaixone pra não tomar nenhuma iniciativa, me dizendo que tem medo. Eu juro que não mordo, ao menos não de um jeito ruim. Eu não me importo com a sua enrolação, até prefiro me enrolar junto, quem sabe a gente forma um nó daqueles que nem no dente vão conseguir desatar. Eu não me importo com a sua solidão, também tenho um lado assim e garanto que vai querer te fazer companhia. Eu não me importo com o seu drama, seu gênio ruim, ou seu lado mimado. Só me importo em me enrolar e fazer um nó perfeito, que marinheiro nenhum consiga desfazer.


-Perséfone



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